quinta-feira, 17 de outubro de 2019


Julgamento sobre segunda instância no STF será retomado na 4ª feira

Sessão de hoje teve manifestações dos autores das ações que pedem

 revisão do entendimento do STF. Relator aposta em 7 votos a 4 contra

 as prisões em 2º grau

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu nesta quinta-feira, 17, o julgamento que vai decidir sobre a possibilidade de que réus condenados em segunda instância sejam presos para cumprir pena. A análise do tema vai ser retomada na manhã da próxima quarta-feira, 23.
A sessão de hoje foi dominada por sustentações orais de entidades interessadas na causa e dos autores das três ações sobre a execução antecipada de pena – o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e os partidos Patriota e PCdoB. Na retomada do julgamento, deverão se manifestar a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Relator das Ações Diretas de Constitucionalidade e primeiro a se votar, Marco Aurélio Mello prevê que a leitura de seu voto, que tem entre sete e oito páginas, levará 30 minutos. “Eu espero que todos percebam que há necessidade de se conciliar celeridade e conteúdo. Que nós temos um dever para com os contribuintes que é entregar prestação jurisdicional no prazo razoável”, comentou.
Marco Aurélio disse a jornalistas que prevê um placar de 7 a 4 para derrubar a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. “Sete a quatro é o meu palpite. Não sei, como é que chegamos a sete? Eu costumo julgar os colegas por mim, às vezes sou otimista em excesso”, disse ele a jornalistas, no intervalo da sessão plenária. “É apenas a minha percepção, eu sempre acredito no melhor.”
Assim como o ministro, outros integrantes da Corte dão como certo que o tribunal vai mudar de entendimento. A dúvida que permanece é se prevaleceria a tese de que a execução de pena deve ocorrer após o esgotamento de todos os recursos (o “trânsito em julgado”) ou depois de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que funciona como uma espécie de terceira instância.
A tese do STJ já foi defendida pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli, que poderá desempatar o placar e definir o resultado do julgamento. O ministro Gilmar Mendes, que votou nesse sentido ao analisar um habeas corpus de Lula em abril do ano passado, já avisou que vai mudar de lado e migrar para a corrente “garantista”, pelo trânsito em julgado.
Já o ministro Ricardo Lewandowski – contrário à execução antecipada de pena – afirmou que mantém a sua convicção “como uma rocha”. “Minha opinião também, evidente, eu nunca mudei. Não sei o pensamento dos outros ministros, mas espero que o espírito original dos constituintes de 1988 prevaleça, ou seja, reafirmando a presunção de inocência até o trânsito em julgado da sentença condenatória”, disse.
(com Estadão Conteúdo)

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